quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Rédeas

Sim, caiu a tarde.
Uma luz difusa, de sombra produzida pela lâmpada, um fechar de janelas, um recolher de roupas, um entrar pra casa. São momentos quietos de vidraça limpa, por onde agora eu posso ver tudo.
E neste dia sem notícias, de mesmíssimas cores, onde é o meu cheiro que sinto, esta alegria surda. É um presságio, um prenúncio de uma felicidade simples, fácil, plena, que me chega sem motivo, pela vidraça, sim. A amplitude cegava. Quieta numa fração estreita, sem espelho, eu percebo. O choro da criança, late o cão, tem um pássaro ali, a vida pulsa em frações de segundo numa teia inexorável!
De onde vem esta luz? É a certeza, uma fé que não me tiram, mesmo na cama desfeita, mesmo sem música, ainda tenho as letras, os pincéis, tenho o verde, o amarelo, o branco, está ali o violão escorado, a boneca pindurada.
Agora é noite. E ainda vejo as cores! Que boa e doce sensação, um afago de mãe, ou um cheiro forte de jasmim, o cão estranho aceita o meu carinho, a fruta é doce(!), a planta está viçosa com a água que lhe ponho. O filho me ama, o homem me ama, estou em casa.
Já fechei as janelas, já recolhi a roupa, então me lavo, me deito.
E durmo leve...sou eu quem pinta as cores.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010