quarta-feira, 31 de março de 2010
Amor de Filho
Abre-se em tres etapas:
Ele disse que queria me alegrar. E conseguiu.
terça-feira, 30 de março de 2010
Desassossego
O amor é a mais carnal das ilusões.
Amar é possuir, escuta.
E o que possui quem ama?
O corpo?
Para o possuir seria preciso tornar nossa a sua matéria,
comê-lo, incluí-lo em nós...
E essa impossibilidade seria temporária,
porque o nosso próprio corpo passa e se transforma,
porque nós não possuímos o nosso corpo
(possuímos apenas a nossa sensação dele),
e porque, uma vez possuído esse corpo amado,
tornar-se-ia nosso,
deixaria de ser outro,
e o amor, por isso, com o desaparecimento do outro ente,
desapareceria...
Possuímos a alma?
Ouve-me em silêncio: Nós não a possuímos.
Nem a nossa alma é nossa sequer.
Como, de resto, possuir uma alma?
Entre alma e alma há o abismo de serem almas.
Que possuímos? Que possuímos?
Que nos leva a amar ? A beleza?
E nós a possuímo-la amando?
A mais feroz e dominadora posse de um corpo
o que possui dele?
Nem o corpo, nem a alma, nem a beleza sequer.
A posse de um corpo lindo não abraça a beleza,
abraça a carne celulada e gordurosa;
o beijo não toca a beleza da boca,
mas na carne molhada dos lábios perecíveis e mucosas;
a própria cópula é um contato apenas,
um contato esfregado e próximo,
mas não uma penetração real,
sequer de um corpo por outro corpo...
Que possuímos nós? Que possuímos?
As nossas sensações ao menos?
Ao menos o amor é um meio de nos possuirmos,
a nós, nas nossas sensações?
É ao menos, um modo de sonharmos nitidamente,
e mais gloriosamente portanto,
o sonho de existirmos?
E ao menos, desaparecida a sensação,
fica a memória dela conosco sempre, e assim,
realmente possuímos...
segunda-feira, 29 de março de 2010
Tim tim!!!
Um dia um feiticeiro quis destruir um reino. Colocou veneno no poço para que bebessem. Todos beberam e ficaram loucos, menos o rei, que bebia da fonte. O povo então rebelou-se e quis destronar o rei, suas ordens não faziam mais sentido, sua sanidade era incompatível. O rei ameaçado quis fugir, mas a rainha disse: - Venha comigo e bebamos do poço.
Dá o que pensar...
Uma boa lenda poupa uma longa explicação. E ainda existe a perspectiva de que, na realidade, cada um faz a sua própria interpretação, veste a carapuça conforme os reflexos da sua história (in)consciente.
Eu fui longe.
Imaginei um reino onde o povo fez um pacto de insanidade. "Doenças sociais e psicológicas são desencadeadas sucessivamente. Crimes hediondos, o surgimento de psicopatas, sociopatas, drogas, excesso de sensualidade, medos, loucura e desespero" fazem parte da vida neste reino.
Além disto, a água do poço está envenenada. O lençol freático contamina as fontes, os animais também bebem, a natureza entra em convulsão. Siclones, terremotos gigantescos e tsunamis começam a acontecer!!
Tá. Tudo bem, eu paro de falar. Me dá um pouco da água deste poço aí vai.
quarta-feira, 24 de março de 2010
Faça o que você pode, com o que você tem, onde estiver
As pessoas perfeccionistas (e eu me incluo) sofrem mais. A gente aprendeu que tem que ser o melhor. E não foi só dos pais que ouvimos esta lição, foi da própria vida, está vida maluca e competitiva que nos cobra a perfeição com promessas de felicidade. Pena que este "ideal" a ser atingido está sempre associado a critérios superficiais: matéria, aparência, performance. Chega disto... este mundinho cansa e a gente não chega a lugar nenhum...
E se a gente tentasse canalizar este perfeccionismo pra aquilo que tá lá dentro, o "ser"? Hoje eu vou ser o mais tolerante, o mais afetuoso, o mais solidário!! Puxa vida, acho que o mundo seria bem melhor...
Então ganhei da minha mãe a sua máquina de costura portátil. E mesmo ainda não sendo possivel ficar sentada costurando (tão pouco desenhando), mas cheia de vontade de aprender, decidi botar um tênis e fui conhecer o atelier da artista plástica Elisa Lisot, que fica bem aqui pertinho. Um lugar amplo e muito colorido, cheio de gente jovem e com sorriso no rosto, bem diferente do que se esperaria de um atelier de arte e costura com cara de vovó e cheiro de guardado.
Logo na entrada estava escrito assim:
Mesmo que o sonho não seja costurar, valeu a visita!!!
segunda-feira, 22 de março de 2010
Sobre os paraísos
Sim, o meio influencia o homem. Lugares tem energia própria. Uma bela paisagem pode trazer alegria, tristeza, melancolia... A memória impregnada em um edifício também pode ser sentida. A beleza, a simetria ou a desordem, o cheiro, a luminosidade; o espaço nos traz sensações.
Mas ele é um palco, é o cenário. E quem atua são as pessoas. Quem dá movimento, interfere, modifica, é o homem, são as relações humanas. É preciso vivenciá-lo, é preciso compartilhar as sensações a que ele nos remete. O homem tem o poder de transformá-las, de acrescê-las, de apaziguá-las.
Não é o lugar que mais importa, são as pessoas...
"Happiness only real when shared."
meu paraíso 2
domingo, 21 de março de 2010
meu paraíso
sexta-feira, 19 de março de 2010
Foi o que eu vi quando abri a janela
Meu vizinho está apaixonado. E quer que saibam.
Então tirei a foto. Contei as janelas. Em qual delas se esconde o seu amor? Talvez apenas esteja transbordando, ele quer gritar, precisa testemunhas. É assim que a gente se sente quando ama.
Eu não tenho um jardim, não posso gritar também... Tenho a caneta, a testemunha é o papel. Em que janela andará o meu amor?
Em que janela se escondeu o meu amor?
sexta-feira, 5 de março de 2010
Paz de Espírito
"A vida deveria ser uma celebração contínua, um festival de luzes por todo o ano. Somente então você pode se desenvolver, você pode florir. Transforme pequenas coisas em celebração... Tudo o que você faz deveria expressar a si próprio; deveria ter a sua assinatura.
Então a vida se torna uma celebração contínua.
Inclusive se você adoece e você está deitado na cama, você fará daqueles momentos de repouso, momentos de beleza e alegria, momentos de relaxamento e descanso, momentos de meditação, momentos para ouvir música ou poesia. Não há necessidade de ficar triste porque você está doente.
Você deveria estar feliz porque todo mundo está no escritório e você está na cama como um rei, relaxando - alguém está preparando chá para você, o samovar está cantando uma canção, um amigo se oferece para vir e tocar flauta para você.
Essas coisas são mais importantes do que qualquer remédio.
Quando você está doente, chame um médico. Mas, mais importante, chame aqueles que o amam porque não existe remédio mais importante que o amor. Chame aqueles que podem criar beleza, música, poesia à sua volta, porque não existe nada que cure como uma atmosfera de celebração.
O medicamento é o mais baixo tipo de tratamento. Mas parece que nós esquecemos tudo, assim nós temos que depender dos medicamentos e ficar rabugentos e tristes - como se você estivesse perdendo uma grande alegria que havia quando você estava no escritório! No escritório você era miserável - simplesmente um dia de folga, mas você também se agarra à miséria, você não a deixa ir.
Faça todas as coisas criativas, faça o melhor a partir do pior - isso é o que eu chamo de arte. E se um homem viveu toda a vida fazendo a todo momento uma beleza, um amor, um desfrute, naturalmente a sua morte será o supremo pico no empenho de toda a sua vida.
Comece com a meditação e muitas coisas crescerão em você - silêncio, serenidade, êxtase, sensibilidade. E o que quer que venha com a meditação, tente trazer para a sua vida."
OSHO (O Livro da Cura)
Estrada
(...)
Você acredita no destino? Eu não. Eu acredito que o ser humano tem poder e totais condições para estragar sua própria vida sem a ajuda de ninguém, tomando as decisões erradas nas horas impróprias, aliando-se a canalhas diversos, acreditando em heróis, crentes e outros farsantes, apaixonando-se por pessoas doentes ou de péssimo caráter e, principalmente, acreditando cegamente em sua própria inteligência, bondade, charme, sanidade e senso de justiça. Um grave erro."
Fala do personagem Luís (Pedro Cardoso) no curta de Jorge Furtado: Estrada.
E você? Acredita em destino? Eu acredito que cada um tem sua "sorte".
Bem, assista o curta e tire suas proprias conclusões...
http://pontodeanalises.blogspot.com/2007/04/curta-metragem-estrada-de-jorge-furtado.html#