quarta-feira, 31 de março de 2010

Amor de Filho

Fui buscar meu filhote na escola hoje e recebi um torpedinho (à moda antiga).
Abre-se em tres etapas:



Ele disse que queria me alegrar. E conseguiu.

terça-feira, 30 de março de 2010

Desassossego

Fernando Pessoa


O amor é a mais carnal das ilusões.
Amar é possuir, escuta.
E o que possui quem ama?
O corpo?
Para o possuir seria preciso tornar nossa a sua matéria,
comê-lo, incluí-lo em nós...
E essa impossibilidade seria temporária,
porque o nosso próprio corpo passa e se transforma,
porque nós não possuímos o nosso corpo
(possuímos apenas a nossa sensação dele),
e porque, uma vez possuído esse corpo amado,
tornar-se-ia nosso,
deixaria de ser outro,
e o amor, por isso, com o desaparecimento do outro ente,
desapareceria...

Possuímos a alma?
Ouve-me em silêncio: Nós não a possuímos.
Nem a nossa alma é nossa sequer.
Como, de resto, possuir uma alma?
Entre alma e alma há o abismo de serem almas.

Que possuímos? Que possuímos?
Que nos leva a amar ? A beleza?
E nós a possuímo-la amando?
A mais feroz e dominadora posse de um corpo
o que possui dele?
Nem o corpo, nem a alma, nem a beleza sequer.

A posse de um corpo lindo não abraça a beleza,
abraça a carne celulada e gordurosa;
o beijo não toca a beleza da boca,
mas na carne molhada dos lábios perecíveis e mucosas;
a própria cópula é um contato apenas,
um contato esfregado e próximo,
mas não uma penetração real,
sequer de um corpo por outro corpo...
Que possuímos nós? Que possuímos?

As nossas sensações ao menos?
Ao menos o amor é um meio de nos possuirmos,
a nós, nas nossas sensações?
É ao menos, um modo de sonharmos nitidamente,
e mais gloriosamente portanto,
o sonho de existirmos?
E ao menos, desaparecida a sensação,
fica a memória dela conosco sempre, e assim,
realmente possuímos...


segunda-feira, 29 de março de 2010

Tim tim!!!


Um dia um feiticeiro quis destruir um reino. Colocou veneno no poço para que bebessem. Todos beberam e ficaram loucos, menos o rei, que bebia da fonte. O povo então rebelou-se e quis destronar o rei, suas ordens não faziam mais sentido, sua sanidade era incompatível. O rei ameaçado quis fugir, mas a rainha disse: - Venha comigo e bebamos do poço.


Dá o que pensar...

Uma boa lenda poupa uma longa explicação. E ainda existe a perspectiva de que, na realidade, cada um faz a sua própria interpretação, veste a carapuça conforme os reflexos da sua história (in)consciente.
Eu fui longe.

Imaginei um reino onde o povo fez um pacto de insanidade. "Doenças sociais e psicológicas são desencadeadas sucessivamente. Crimes hediondos, o surgimento de psicopatas, sociopatas, drogas, excesso de sensualidade, medos, loucura e desespero" fazem parte da vida neste reino.
Além disto, a água do poço está envenenada. O lençol freático contamina as fontes, os animais também bebem, a natureza entra em convulsão. Siclones, terremotos gigantescos e tsunamis começam a acontecer!!

Tá. Tudo bem, eu paro de falar. Me dá um pouco da água deste poço aí vai.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Faça o que você pode, com o que você tem, onde estiver





Acho que é isto. Faça o que você pode. Não se exija demais...
As pessoas perfeccionistas (e eu me incluo) sofrem mais. A gente aprendeu que tem que ser o melhor. E não foi só dos pais que ouvimos esta lição, foi da própria vida, está vida maluca e competitiva que nos cobra a perfeição com promessas de felicidade. Pena que este "ideal" a ser atingido está sempre associado a critérios superficiais: matéria, aparência, performance. Chega disto... este mundinho cansa e a gente não chega a lugar nenhum...
E se a gente tentasse canalizar este perfeccionismo pra aquilo que tá lá dentro, o "ser"? Hoje eu vou ser o mais tolerante, o mais afetuoso, o mais solidário!! Puxa vida, acho que o mundo seria bem melhor...

Então ganhei da minha mãe a sua máquina de costura portátil. E mesmo ainda não sendo possivel ficar sentada costurando (tão pouco desenhando), mas cheia de vontade de aprender, decidi botar um tênis e fui conhecer o atelier da artista plástica Elisa Lisot, que fica bem aqui pertinho. Um lugar amplo e muito colorido, cheio de gente jovem e com sorriso no rosto, bem diferente do que se esperaria de um atelier de arte e costura com cara de vovó e cheiro de guardado.

Logo na entrada estava escrito assim:



Mesmo que o sonho não seja costurar, valeu a visita!!!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Sobre os paraísos


Sim, o meio influencia o homem. Lugares tem energia própria. Uma bela paisagem pode trazer alegria, tristeza, melancolia... A memória impregnada em um edifício também pode ser sentida. A beleza, a simetria ou a desordem, o cheiro, a luminosidade; o espaço nos traz sensações.
Mas ele é um palco, é o cenário. E quem atua são as pessoas. Quem dá movimento, interfere, modifica, é o homem, são as relações humanas. É preciso vivenciá-lo, é preciso compartilhar as sensações a que ele nos remete. O homem tem o poder de transformá-las, de acrescê-las, de apaziguá-las.
Não é o lugar que mais importa, são as pessoas...

"Happiness only real when shared."

meu paraíso 2



Meu caminho é de pedras
Piso sobre elas
E posso passar.
Tem cheiro de terra molhada
Barulho de cascata
Sabor de goiaba.
Na natureza me encontro
Pés na água, sigo trilhas
Respiro paz.

domingo, 21 de março de 2010

meu paraíso



Meu caminho é de areia
Ando descalça
Caminho devagar.
Tem cheiro de verde
A cor daquelas flores
E o gosto da fruta
Que eu encontrar.
Na natureza me encontro
Subo montes, desço vales
Respiro o mar.

domingo em boa companhia



Lição n. 1
Se você tentar ser o que não é, pode se transformar em algo que não gostaria de ser.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Foi o que eu vi quando abri a janela



E abri um sorriso. E uma gargalhada. Duas. Três. A boca cheia de pão.
Meu vizinho está apaixonado. E quer que saibam.
Então tirei a foto. Contei as janelas. Em qual delas se esconde o seu amor? Talvez apenas esteja transbordando, ele quer gritar, precisa testemunhas. É assim que a gente se sente quando ama.
Eu não tenho um jardim, não posso gritar também... Tenho a caneta, a testemunha é o papel. Em que janela andará o meu amor?

Em que janela se escondeu o meu amor?

sexta-feira, 5 de março de 2010

Paz de Espírito

Sábio... e providencial.

"A vida deveria ser uma celebração contínua, um festival de luzes por todo o ano. Somente então você pode se desenvolver, você pode florir. Transforme pequenas coisas em celebração... Tudo o que você faz deveria expressar a si próprio; deveria ter a sua assinatura.

Então a vida se torna uma celebração contínua.

Inclusive se você adoece e você está deitado na cama, você fará daqueles momentos de repouso, momentos de beleza e alegria, momentos de relaxamento e descanso, momentos de meditação, momentos para ouvir música ou poesia. Não há necessidade de ficar triste porque você está doente.

Você deveria estar feliz porque todo mundo está no escritório e você está na cama como um rei, relaxando - alguém está preparando chá para você, o samovar está cantando uma canção, um amigo se oferece para vir e tocar flauta para você.

Essas coisas são mais importantes do que qualquer remédio.

Quando você está doente, chame um médico. Mas, mais importante, chame aqueles que o amam porque não existe remédio mais importante que o amor. Chame aqueles que podem criar beleza, música, poesia à sua volta, porque não existe nada que cure como uma atmosfera de celebração.

O medicamento é o mais baixo tipo de tratamento. Mas parece que nós esquecemos tudo, assim nós temos que depender dos medicamentos e ficar rabugentos e tristes - como se você estivesse perdendo uma grande alegria que havia quando você estava no escritório! No escritório você era miserável - simplesmente um dia de folga, mas você também se agarra à miséria, você não a deixa ir.

Faça todas as coisas criativas, faça o melhor a partir do pior - isso é o que eu chamo de arte. E se um homem viveu toda a vida fazendo a todo momento uma beleza, um amor, um desfrute, naturalmente a sua morte será o supremo pico no empenho de toda a sua vida.

Comece com a meditação e muitas coisas crescerão em você - silêncio, serenidade, êxtase, sensibilidade. E o que quer que venha com a meditação, tente trazer para a sua vida."

OSHO (O Livro da Cura)

Estrada

"Você acredita no destino? Ah, o destino, sequência imprevisível de fatos que fazem a vida do homem, independentes de sua vontade. Alguns o chamam de sorte, fado, fortuna, sina. Seja com que nome for, destino é aquilo que acontecerá com você, no futuro.
(...)
Você acredita no destino? Eu não. Eu acredito que o ser humano tem poder e totais condições para estragar sua própria vida sem a ajuda de ninguém, tomando as decisões erradas nas horas impróprias, aliando-se a canalhas diversos, acreditando em heróis, crentes e outros farsantes, apaixonando-se por pessoas doentes ou de péssimo caráter e, principalmente, acreditando cegamente em sua própria inteligência, bondade, charme, sanidade e senso de justiça. Um grave erro."

Fala do personagem Luís (Pedro Cardoso) no curta de Jorge Furtado: Estrada.

E você? Acredita em destino? Eu acredito que cada um tem sua "sorte".
Bem, assista o curta e tire suas proprias conclusões...

http://pontodeanalises.blogspot.com/2007/04/curta-metragem-estrada-de-jorge-furtado.html#