Adélia Prado
"Desejo, como quem sente fome ou sede,
Um caminho de areia margeado de boninas
Onde só cabem a bicicleta e seu dono.
Desejo, com uma funda saudade
De homem ficado órfão pequenino,
Um regaço e o acalanto, a amorosa tenaz de uns dedos
Para um forte carinho em minha nuca.
Brotam os matinhos depois da chuva,
Brotam os desejos do corpo.
Na alma, o querer de um mundo tão pequeno
Como o que tem nas mãos o Menino Jesus de Praga."
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