domingo, 18 de abril de 2010

"O Poder do Mito"

Joseph Campbell

"Dizem que o que todos procuramos é um sentido para a vida. Não penso que seja assim. Penso que o que estamos procurando é uma experiência de estar vivos, de modo que nossas experiências de vida, no plano puramente físico, tenham ressonância no interior do nosso ser e da nossa realidade mais íntimos, de modo que realmente sintamos o enlevo de estar vivos."

Depois de impacar na leitura de "Personas Sexuais", de Camille Paglia (o livro faz várias referências à mitologia greco-romana) ataquei uma coletânea do meu pai tipo "Mitologia 1, 2 e 3". Me interessei pelo assunto meio por acaso, mas depois entendi o significado desta busca. Acho que sinto falta de referências. A tal ressonância da nossa vida com as raízes (históricas, culturais, e neste caso mitológicas), de forma a refletir uma certa "segurança" através da relação de nossa própria história com o conhecimento vivido e já experimentado de gerações passadas. Então me deparei com este livro.

"As literaturas grega e latina e a Bíblia costumavam fazer parte da educação de toda gente. Tendo sido suprimidas, toda uma tradição de informação mitológica do Ocidente se perdeu. Muitas histórias se conservavam, de hábito, na mente das pessoas. Quando a história está em sua mente, você percebe sua relevância para com aquilo que esteja acontecendo em sua vida. Isso dá perspectiva ao que lhe está acontecendo. Com a perda disso, perdemos efetivamente algo, porque não possuímos nada semelhante para pôr no lugar. Esses bocados de informação, provenientes dos tempos antigos, que têm a ver com os temas que sempre deram sustentação à vida humana, que construíram civilizações e informaram religiões através dos séculos, têm a ver com os profundos problemas interiores, com os profundos mistérios, com os profundos limiares da travessia, e se você não souber o que dizem os sinais ao longo do caminho, terá de produzi-los por sua conta. Mas assim que for apanhado pelo assunto, haverá um tal senso de informação, de uma ou outra dessas tradições, de uma espécie tão profunda, tão rica e vivificadora, que você não quererá abrir mão dele."

Poxa, é isto o que estava no meu subconsciente e eu tentava entender (olha a ressonância aí). " O Poder do Mito": talvez seja a minha próxima aquisição.


Saudade

“Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. O ‘amar os outros’ é tão vasto que inclui até perdão para mim mesma, com o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é curta para tanto. Tenho que me apressar, o tempo urge. Não posso perder um minuto do tempo que faz minha vida. Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca [...].”
Clarice Lispector

Acordei a pouco em meio a um sonho muito gostoso. Eu estava buscando meu filho na escolinha, como nos velhos tempos, e ele ainda era bebê. Mas ele estava dormindo, e tive que entrar na sala para acordá-lo. Então fiz um carinho suave na cabecinha dele, sentindo aquele cheirinho de nenê misturado com o calor e o suor do seu soninho. "Eu estou aqui...saudade de você..." ele acordou devagarinho e respondeu: "Saudade...muita saudade..."

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