sexta-feira, 7 de maio de 2010

A Palavra é...

Ansiedade:
Desejo vêemente ou contínuo de certo objeto ou ser, ou sentimento de apreensão desagradável acompanhado de sensações físicas como opressão no peito, palpitações, transpiração, dor de cabeça, falta de ar, dentre outras.

É só do que se ouve falar. Todo mundo já sentiu ou vai sentir alguma vez na vida. Só que minha percepção sinaliza um estado crescente, em que aumenta não só o número de vítimas, mas o grau, a intensidade com que ela tem atingido o indivíduo. É quase uma paranóia, uma crise coletiva.
Culpa da vida maluca, do trânsito, do excesso de informação, de consumo, da competitividade, da virtualidade dos relacionamentos. Ninguém mais se respeita (o lance é subir mais um degrau), ninguém mais se visita (o lance é a conversa virtual), ninguém mais se toca (o prazer solitário não transmite aids nem exige pensão). Mas o corpo cobra...

E eu achei que tinha controlado a minha (ansiedade). Mas o que mudou foi apenas o objeto desencadeante. Comecei a refletir sobre este processo. É mais ou menos assim: deito relaxadamente. Nas mãos, o livro que aquele amigo me indicou. Já na segunda página, uma referência a determinado lugar. Para melhor situar a história, acesso a internet para breve pesquisa. Na tela, infindáveis opções. Citações à alguns filmes... discorro a leitura (parecem bons). Anoto. Uma sugestão de outro livro (muito interessante...), crítica sobre uma matéria que eu não li... Resolvo abrir meus emails: convite para um aniversário, uma referência a um congresso (este eu queria ir).
Abandono o livro. Vou até a locadora, à procura do filme, aquele. Nossa, como tem filmes bons pra ver... Tento escolher dois, mas tá difícil. Chego em casa com os dvds. Na tv aquele documentário que eu queria assistir!
Neste momento já estou começando a suar frio, aquele aperto no peito... toca o interfone:
-Sim?
-Entrega de revista!!

Respira... respira... respira...

O filme: El hijo de la novia, do diretor Campanella (imperdível!!!!)
Os que eu não vi: Valsa com Bashir; Abraços Partidos; Cães de Aluguel
O livro: A Elegância do Ouriço, de Muriel Barbery( estou retomando, eu juro)
A sugestão interessante: O Jogo da Amarelinha, de Julio Cortázar
O Congresso: Internacional de Leitura e Literatura Infantil e Juvenil (na PUC de 12 a 14 de maio)
A matéria: Miguel Nicolelis no Fronteiras do Pensamento- Pesquisa de desenvolvimento de neuropróteses.
O documentário: algum do Alain Cavalier
A Revista: Piauí, da Abril
O aniversário: da Lu M.
Remédio pra acalmar: escrever no blog.




E pra não perder o bom humor...

Então fui fazer uma ressonância magnética.
Entro na sala. Um homem sentado frente à tela do computador, os dedos apoiados no teclado. Fala comigo sem tirar os olhos do monitor:
-Sente-se. Idade? Dor? Quanto tempo? Atividade Física?
-Pinos no corpo? -Não
-Placas? -Não
-Válvula Cardíaca? -Não
-Grampo de aneurisma? -Não
-Marcapasso? -Não
-Diu? -Não
-Nenhum metal no corpo? NÃO.
-Sutiã? NÃAAO
-Humm...Claustrofóbica? A princípio não...
-Humm...Tire os tênis. O casaco, brincos. Deite. Serão cerca de trinta minutos. Não se mova. Introduza os protetores auriculares. Segure esta campainha. Se algo sair errado, aperte-a.

E a máquina foi me sugando. A sensação é de se estar numa urna funerária. Só que bem mais barulhento. Mas eu sentia uma sensação estranha, como se algo estivesse errado. Calma, pensei. É só imaginar que estou na minha cama fazendo um cochilo.(Mas a sensação continuava...)
Não tem nada errado. Eu estou aqui, tranquilinha, tirei meus brincos, não tenho nenhum metal pelo corpo, não sou claustrofóbica... esta tudo certo, tudo no seu lugar.

- O meu aparelho!!!

BÉÉEEEEEEEIIIMMMMM


4 comentários:

  1. Pô, essa aqui tem que escrever la no meu blog né....
    é "a cara" de adultos com aparelho.....

    ResponderExcluir
  2. é mesmo...hehehe. tudo a ver
    quem sabe boto como depoimento em algum post né??? bjsss

    ResponderExcluir
  3. Ansiedade nunca é bom, mas também não é de todo mal. Quanto estamos em um estado de ansiedade, sempre procuramos fazer tudo mais rápido para "acabar logo com aquilo" e esquecemos dos pequenos detalhes de cada história que nos deixou ansioso e que poderíamos ter tirado uma lição (parte boa). Tenho uma teoria de que nunca devemos nos desesperar nessa vida, sei que é difícil, mas garanto que não é impossível. Desde o momento que fiz este exercício, amadureci e cresci como pessoa... mais do que em vários anos de vida.

    Beijo!

    ResponderExcluir
  4. Tenho feito este exercício a alguns meses...e concordo, acho que já estou me tornando outra pessoa,uma pessoa melhor e mais consciente de mim mesma... tudo na vida é aprendizado não é? E quem nos ensina são as pessoas com quem convivemos...mesmo que de forma torta às vezes! Ouvi estes dias: "Palavras são sementes!" Então vamos lançar boas sementes né? Bjão!

    ResponderExcluir